Estava aqui pensando sobre os benefícios de ter um bebê reborn.
Porque é silencioso.
Porque não chora de madrugada.
Porque não cresce e depois te chama de véia.
Porque não vai comer sua sobremesa e deixar o pote vazio na geladeira.
Porque não espalha brinquedo pela casa.
Porque nunca vai usar suas coisas escondido.
Porque não tem adolescência.
Não tem reunião na escola.
Não tem mensalidade de inglês, futebol, balé ou dentista.
Um bebê reborn está sempre limpinho.
Sempre dormindo. Sempre ali, do jeitinho que você quer que ele seja.
Cheirosinho e quietinho.
Você pode dar banho, vestir, carregar no colo, tirar fotos, montar quartinho, fazer ensaio, postar nos stories.
E ele não vai sair correndo, gritando, cuspindo papinha no tapete da sala ou jogando o controle remoto na privada.
Muito menos te acordar de madrugada com a barriga vazia e a fralda cheia.
Ele é seu. Do jeito que você imaginou.Sem imprevistos. Sem caos. Sem perguntas difíceis. Sem saias justas na frente das visitas.
Aliás, é quase um sonho.
Tão silencioso.
Tão controlado.
Tão certinho, que chega a dar inveja.
É… e pelo jeito é um padrão desejado — ser assim: controlado, certinho…
tão desejado que já se replica em outros contextos.
Talvez seja por isso que tantos perfis nas redes sociais andam parecendo bebês reborn:
Blazers bem cortados, arquétipos definidos, templates impecáveis, frases de efeito ensaiadas, filtros neutros.
Tudo bonito. Tudo sob medida.
Politicamente corretos, com conteúdos que não revelam valores — apenas evitam críticas.
Perfis criados para serem aprovados, não lembrados. Mas sem alma.
Perfis reborn:
Não tropeçam, não desafinam, não improvisam.
São perfeitos.
Na ânsia de serem amados por todos, caem no esquecimento.
Vão parar na vala comum.
E por isso mesmo… são difíceis de identificar, de descrever, de sentir.
São aqueles do feed bonito de ver.
Mas só louco se apega.