A hipertensão arterial, uma das condições crônicas mais comuns no país, acaba de ganhar novos critérios que podem mudar o diagnóstico e o acompanhamento de milhões de pessoas. As atualizações, alinhadas às tendências internacionais e discutidas por sociedades médicas, chamam atenção para a necessidade de identificar mais cedo quem está em risco.
O que mudou
Até pouco tempo, a pressão arterial considerada “normal” ficava abaixo de 140/90 mmHg. Com as novas diretrizes, valores mais baixos passam a ser observados com atenção. Pressões consideradas limítrofes — antes tratadas apenas com orientações gerais — agora entram em faixas de risco mais claras.
Isso significa que pessoas com pressão entre 120/80 e 129/84 mmHg já devem ser avaliadas de perto, pois este grupo tem maior probabilidade de evoluir para hipertensão estabelecida nos próximos anos.
Por que isso importa?
A hipertensão é silenciosa. Em 90% dos casos, não causa sintomas, mas aumenta significativamente o risco de infarto, AVC, insuficiência cardíaca, aneurismas e doença renal. Quanto mais cedo o risco é identificado, maiores as chances de evitar complicações graves.
Especialistas destacam que a mudança não tem como objetivo “medicalizar a população”, e sim aumentar a vigilância e promover intervenções precoces — principalmente nos hábitos de vida.
Quem deve se preocupar
Pessoas com histórico familiar de hipertensão, diabetes, colesterol alto, obesidade, apneia do sono, estresse crônico e sedentarismo entram no grupo de maior risco. Após os 55 anos, a chance de desenvolver hipertensão aumenta significativamente, especialmente em mulheres após a menopausa.
O que muda na prática
Com os novos parâmetros, médicos passam a considerar:
* monitorização da pressão em casa com maior frequência;
* orientações mais rígidas sobre alimentação e atividade física;
* acompanhamento mais precoce para evitar progressão;
* uso de medicação em casos específicos, mesmo em estágios iniciais.
A atualização busca evitar o padrão comum: diagnosticar hipertensão apenas depois do primeiro susto — muitas vezes um pico hipertensivo, um AVC ou um infarto.
Estilo de vida: o remédio mais imediato
As recomendações seguem firmes:
* reduzir sal e alimentos ultraprocessados;
* manter rotina de exercícios;
* controlar peso e gordura abdominal;
* melhorar qualidade do sono;
* reduzir estresse;
* evitar excesso de álcool.
Pequenas mudanças podem reduzir a pressão sistólica (o primeiro número) em até 10 mmHg — resultado comparável ao de muitos medicamentos.
Um novo olhar para um velho problema
A revisão dos critérios reflete um movimento mundial: tratar a hipertensão como uma condição prevenível, detectável antes mesmo de se instalar. Em um país onde quase metade dos adultos vive com pressão alta ou pré-hipertensão, a nova diretriz pode representar um passo importante para reduzir mortes e internações evitáveis.













