O marketing de saúde que cria necessidades- que não temos

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Vivemos tempos onde a tecnologia médica avançou muito – através de pesquisas, de grandes investimentos – e trouxe grandes novidades, entre elas as chamadas “canetas emagrecedoras”.
Medicações excelentes, porém saindo do âmbito de prescrição médica para o âmbito da propaganda.
O marketing faz isso: identifica uma insegurança, um desconforto ou um desejo comum e usa isso como isca para atrair clientes e vender uma solução. Ok.
Mas na saúde, isso pode ser ainda mais perigoso: cria-se a impressão de que você precisa de algo para ser mais produtivo, mais magro, mais jovem, mais equilibrado — mesmo quando a solução não é medicamentosa. É o consumo entrando pela porta da medicina e dizendo que existe um remédio para cada inquietação, como uma grande loja de departamento.
No fim, a gente se afasta das nossas verdadeiras necessidades que estão gritando, como autoconhecimento, mudança de hábitos, descanso, autocuidado… para perseguir respostas e soluções rápidas, que muitas vezes, nem são para você.
Quando um medicamento passa a ser a solução para “Eu quero emagrecer!”, coloca-se a doença e a estética no mesmo saco, e sacrifica-se a individualidade de cada um.
Mounjaro, Wegovy, Ozempic, são medicações excelentes. Mas ainda são medicamentos, que necessitam de avaliação médica, diagnóstico e indicação precisa.
Elas não devem ser mais uma receita milagrosa para tratar as nossas dores humanas: ser aceito em uma sociedade que valoriza mais a estética do que o caráter, ter um corpo perfeito igual ao das blogueiras, fazer uma viagem, ir ao um evento.
Autoestima é importante SIM, faz parte de ter saúde. Mas não se deixe convencer que precisa de um remédio para se sentir incluído. No fim, o produto que acaba sendo permutado, é sua saúde física e mental.