Separou ou reestruturou o branding?

0
7

Divórcio já não é mais um drama íntimo.
Já não é assunto familiar, nem apenas coisa de diretor espiritual ou terapeuta.
É evento público. É gestão de crise. É ajuste de posicionamento — com foto bonita e texto revisado por copy.
Quando um relacionamento se torna vitrine, ele deixa de ser afeto.
É apenas na saúde, na alegria, na riqueza — e deve terminar antes que a morte os separe.
Vira produto. Vira collab. Vira ativo emocional compartilhado com milhões. O casal vira marca.
Tem naming, tem storytelling, tem tom de voz e calendário editorial.
Juntos, entregam conteúdo de bastidor, maternidade romantizada, rotinas fofas, provas de amor com trilha sonora.
“Vamos refazer, esse ângulo não nos favorece.”
“Apaga esse conteúdo, não engajou.”
“Deu uma queda nos views — vamos fazer algo com as crianças.”
E o público assina tudo com likes, views, comentários e expectativa.
Só que, quando a história muda, não dá pra simplesmente apagar fotos e seguir.
Tem que emitir comunicado. Responder em coletiva. Negociar contratos — e sentimentos.
Porque o público já não é só espectador.
É sócio-afetivo.
É investidor de atenção.
E se sente lesado quando o enredo desanda sem aviso.
Tudo isso parece exagerado. Mas é o novo real.
Na lógica das redes, amor também é marca.
E separação… é ruptura de branding.
Por isso não pode ir cada um para um lado de forma abrupta.
É preciso se manter amigo — apenas sem beijo e outras intimidades.
Marcas também vivem isso.
Criam narrativas tão polidas, tão redondas, tão ensaiadas, que quando um tropeço real acontece… ninguém sabe o que fazer.
Sem roteiro.
Sem controle.
Sem plano de contenção.
Só o vazio entre o que se mostra — e o que se é.
Mas o público sente.
Porque, no fundo, ninguém exige perfeição.
Mas sim: coerência.
Verdade.
Alma.
E essas, nem o melhor storytelling do mundo consegue simular.