100 dias de solidão

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O Brasil enfrenta uma crise econômica, política e social, com quase 14 milhões de desempregados que ainda procuram trabalho, e outras 6 milhões de pessoas já desistiram (desalentados). Vive-se em tempo em que a população está dividida em aspectos ideológico e social, em pleno desamparo. Puxada pela alimentação, a inflação dos mais pobres está mais alta que a dos brasileiros de classes superiores. Segundo o Banco Mundial, os pobres no Brasil somam 43,9 milhões de indivíduos. Bolsonaro perde o foco com facilidade e, ao invés de discutir políticas públicas para promover crescimento e aumentar emprego, critica o IBGE como apura a taxa de desemprego.

Após três meses, este governo tem a pior avaliação entre todos os presidentes de 1º mandato: economia estagnada, desemprego alto e revisão para baixo do crescimento do PIB. Neste trimestre, a economia está mais fraca que o esperado, ainda como reflexo da perspectiva do palanque eleitoral. Foca-se apenas na reforma da Previdência Social, como fosse a solução para tudo; a Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização não trouxeram qualquer benefício.

Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, onde se discutia a Reforma da Previdência, após perder a paciência e elevar a voz para os deputados, Guedes respondeu “Tchutchuca é a mãe, tchutchuca é a avó”, resposta ao deputado da oposição que lhe dirigiu a palavra, disse-lhe: “É tigrão quando é com os aposentados, com idosos, com portadores de necessidades; é tigrão quando é com agricultores, com professores. Mas é tchutchuca quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país”. São impressionantes o descontrole do ministro e seu despreparo para articular pensamentos. Poderia aproveitar o momento e dar um sermão no deputado, mas não, descontrolado, começou a gritar e a sessão foi encerrada. Guedes não escuta, é soberbo.

O governo preocupa-se somente com a classe empresarial, mas tem que ter planos para salvar os que vivem na pobreza e na miséria, e com aqueles que estão na classe média já em decadência geral, mas insiste em não ver. Cresce uma irritação popular porque não haverá crescimento suficiente, e a revolta do povo é sempre imprevisível. Não se vive mais em 64: EUA, Europa, China e Rússia não permitirão ditaduras. A Educação está abandonada, na economia só se enxerga a Reforma da Previdência, provavelmente, porque não há outros planos e projetos. Continua-se matando e morrendo como nunca; percebe-se que não houve qualquer ação governamental que transmitisse segurança em alguma área. Vive-se à beira do abismo e os governantes não tomam atitudes: seus técnicos são amadores e não sabem enfrentar os problemas corriqueiros da nação brasileira. E lá se foram 100 dias desperdiçados.