Bolha do bom senso

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Há indícios de que a sociedade pensante brasileira perdeu a paciência e se mobiliza com os erros do governo na área econômica e no combate à covid-19. Nas últimas semanas, banqueiros, economistas e empresários deixaram bem claro que a complacência com o atual governo está próxima do fim. Desses proeminentes, 500 escreveram carta pública cobrando mudança radical nos rumos da administração federal, tanto na área econômica quanto no plano do combate à covid-19, demonstrando face visível da insatisfação.
Após uma série de nove encontros da cúpula do Congresso com esses emergentes empresários, economistas e banqueiros, resultou em um movimento político pela intervenção nos rumos do atual governo. Mais de 320 mil mortos pela pandemia e a situação cada vez mais insustentável da economia, presidentes do Senado e da Câmara afinaram um discurso com o mercado. O Brasil sepultara centenas de milhares de brasileiros, idem ao crescimento econômico; segue destruindo empregos e renda e colocando 20 milhões de brasileiros de volta à miséria.
Grupo de mais de 300 diplomatas publicou ao final de março carta pública acusando a política externa atual de causar graves prejuízos às relações internacionais e à imagem do Brasil, e pedindo a saída de Ernesto Araújo do comando do Ministério das Relações Exteriores. O chanceler está ameaçado de demissão devido à pressão da cúpula do Congresso, de militares e empresários de peso. Ernesto ultrapassou todos os limites.
A política externa brasileira sempre foi vista como política de Estado, e não partidária. Ernesto Araújo tornou a chancelaria num palanque do radicalismo bolsonarista e suas falas desastrosas têm consequências gravíssimas, como a credibilidade internacional do país. A política externa do Brasil está falha e precisa ser corrigida: melhorar a relação com a China e os EUA, maiores parceiros comerciais do Brasil – nação, povo multirracial sem partido político.
Outro agravante foi a postura de Filipe Martins, assessor para assuntos internacionais da presidência, flagrado fazendo gesto obsceno e racista durante sessão do Senado em que acompanhava Ernesto Araújo. Sua postura tem conotação aos grupos de extrema direita dos Estados Unidos, classificado como “expressão da supremacia branca”. Os três dedos esticados simbolizam a letra W, uma referência à palavra White (branco), já o círculo formado representa a letra “p” para Power, totalizando ‘Poder branco’.
O tal Martins é discípulo do extremista de direita Olavo de Carvalho, expoente da ala ideológica do governo considerado um dos arquitetos da política externa conduzida por Ernesto Araújo. Funcionários do Itamarati afirmam que Filipe Martins é forte influenciador do chanceler. Só um idiota pode ser racista e se achar superior por ser branco. Ambos deverão ser afastados brevemente da cúpula das relações exteriores.
Sob pressão, Bolsonaro convocou os três poderes para um convescote político, para criar um comitê para gerir a crise sanitária. A consequência mais nefasta de tantos desmandos foi a de que a pandemia fugiu de controle do sistema de Saúde, e vive-se à deriva. Quanto mais impactante for o triunfo da guerra cultural de Bolsonaro, Ernesto e Filipe, tanto mais desastrosa será a administração da coisa pública. O Brasil está exausto por tantas vidas perdidas!