Bolsonaro e o Centrão

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Bolsonaro anda calado depois que assinou a carta de Temer, comprometendo-se a não mais atacar o Supremo. Soube que haveria punição aos crimes financeiros cometidos por seus filhos e então resolveu parar de enfrentar a Corte Superior. Entretanto, sem cumprir as promessas de campanha, Bolsonaro assumiu uma feição da sua trajetória política ao populismo visando somente sua reeleição. É claro que ele não trabalha, apenas faz muitas viagens nacionais e internacionais (está vislumbrado com o cargo), motociatas, inaugura obras de governos anteriores, participa de formaturas das Forças Armadas e nas polícias. Está claro que sua intenção é só reeleição.
O discurso justificando seu fracasso é o mesmo: afirma que tudo o que tentou fazer foi imposto pelos políticos. A culpa é sempre dos outros. A fala da suposta maldade do mundo político é só uma estratégia para se esquivar das responsabilidades. Um governo fraco, sem propostas, com objetivos exclusivamente eleitorais ajuda a corromper os maus políticos, incentivando as piores práticas e colaborando com a corrupção. O governo bolsonarista fala mal da cúpula, mas, na verdade, fala mal de si mesmo, revelando ignorância e confessando incompetência.
Falando em corrupção, em 2019, primeiro ano do mandato de Bolsonaro, o Centrão propôs uma liberação de verbas aos amigos, batizada como ‘orçamento secreto’, liderado por Arthur Lira. No ano seguinte, essas emendas atingiram R$30 bilhões, o mesmo ao distribuído à Bolsa Família. Em 2021, são R$16 bilhões. Por ordem do Supremo, o governo terá que publicar uma lista com o nome dos senadores e deputados federais que emplacaram emendas no orçamento de 2020, com justificativas e respectivos valores. Bolsonaro se rendeu ao Centrão.
Arthur Lira tem tentado sabotar a ordem pois, conforme denúncias, muitos congressistas passaram a direcionar suas verbas em território distantes das suas bases eleitorais, inclusive em outros estados. Tais denúncias afirmam que deputados e senadores estão direcionando os valores para favorecer empresas, especialmente empreiteiras, em troca de propina. Se for isso, o tal orçamento secreto será um dos maiores escândalos no Brasil atual. A falta de transparência em emendas contribui a fraudes. O orçamento é o coração da democracia.
Práticas orçamentárias sem transparência e processo de eleição baseado em interesses familiares sobrepõem seus objetivos pessoais à boa administração pública e à responsabilidade fiscal. É difícil esperar um ano melhor em 2022.