Cenário Econômico

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A inflação é um fato mundial: os bancos centrais emitiram mais dinheiro do que a oferta de bens e serviços. É normal que “as coisas” saiam do controle como ocorreu nas décadas de 1960,1980 e 1990 (fim em 95), onde a inflação chegou a 87% ao mês. Quem viveu aquela época sabe do terror em conviver com inflação de 2.700% ao ano. Teme-se caminhar para outra época inflacionária pois, nos últimos seis anos, incluindo 2022, a inflação oficial (IPCA) já soma 41%, com tendência de crescimento. Naquelas décadas, o Brasil implementou seis plano heterodoxos para conter a inflação, obtendo êxito somente no último, sob o governo de Itamar Franco. Pensava-se que teríamos aprendido como combater e conter a inflação, mas agora, com a sua retomada, percebe-se que o dragão inflacionário ainda não foi domado.

Sabe-se que, a alta no petróleo e nos alimentos cria onda de instabilidade mundial. No Brasil, passados 28 anos do Plano Real, a inflação volta a assustar, em grande parte causada pelo aumento dos preços dos combustíveis, gás e alimentos. O interessante é que os aumentos nos custos de transporte e alimentos representa 72% da variação dos aumentos. De 1997 a 2020, a média inflacionária anual estava em torno de 6% ao ano, entretanto, em 2021 atingiu 10,3% e 2022 caminha para 11%. A inflação afasta o brasileiro de conquistas do Plano Real: segundo o IBGE, 73% da população deixou de comprar carne, 10% cortaram iogurte, queijos e bebidas alcóolicas, 6% cortaram alimentos básicos e 67% dos consumidores trocaram várias vezes de marcas para buscar produtos de preços inferiores.

Segundo pesquisas do IBGE, a inflação nos alimentos superou 21% nos últimos 12 meses, enquanto a inflação oficial foi 11,3%. No Vale do Itajaí, pesquiso os preços de uma cesta básica formada por 37 produtos e, nos últimos três meses, a inflação de alimentos foi 14,1%, enquanto a inflação oficial foi 3,2%. As taxas de juros (Selic) estão em ascensão, hoje 11,75%, com previsão para maio chegar a 12,75%. É bom lembrar que, em janeiro de 2021, a Selic estava em 2% e constata-se que houve uma variação a maior, em praticamente 10%. O governo se desculpa alegando que aumenta os juros para conter a inflação e o efeito, estranhamente, foi ao contrário, pois em março de 2021 a inflação dos últimos 12 meses estava em 6,1% e mesmo aumentando os juros, a inflação subiu assustadoramente.

O pior é que a inflação deve continuar em alta, com grande probabilidade em fechar o ano com 11%, enquanto a taxa de juros tende a crescer até 14% este ano. O dólar deve, infelizmente, fechar o ano valendo R$ 5,30, favorecendo o encarecimento dos produtos importados e influenciando os outros preços. O quadro das eleições, agitação política, maiores incertezas, propiciam mais condições para deixar o cenário econômico bem conturbado. O IBRE, Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, prevê que o desemprego abaixo de 10% não acontecerá antes de 2026, e constatou que 81% dos desempregados há mais de 2 anos, são trabalhadores das classes D e E.

Em 2021 o Brasil estava na 15ª colocação no ranking mundial de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto em 2011, estava em 6º lugar superando, na ocasião, a Inglaterra. O salário-mínimo de 2023 será de R$ 1.294,00 e não terá aumento acima da inflação. Para oportunizar o entendimento de estabilidade, calcula-se o salário-mínimo em dólares: em 2019, valia US$ 253,00; em 2020, US$ 202,00; em 2021, US$ 192. Então, a situação é assustadora: salários em queda, inflação crescente, juros elevadíssimos, previsão de crescimento do PIB para 2022 somente 0,3%, dívida pública em 89% do PIB, níveis de desemprego permanecendo assustadores, o parque industrial brasileiro trabalhando com apenas 79% da capacidade instalada. O quadro é grave, e a atenção da população esclarecida deve voltar-se a eleição de um governo competente, que tire o Brasil do sufoco social e econômico que ora vivemos.