Descuidos diplomáticos

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O Brasil é tolerante demais à desigualdade social, à corrupção e ao privilégio. Recentemente, noticiou-se que sete milhões de testes para identificar o covid-19 perderão a validade em janeiro de 2021, sem saber o número dos já perdidos. Aproximam-se de 180 mil mortes pela pandemia, vidas que deixaram suas famílias órfãs sob o olhar frio e impassível do governo.

Os exames RT-PCR estão estocados em um armazém do governo federal em Guarulhos e, até hoje, não foram distribuídos à rede pública. Ao todo, o Ministério da Saúde investiu R$ 764,5 milhões em testes, e as unidades a vencer custaram R$ 290 milhões. Quem será responsabilizado por isso? O país ainda espera um plano de vacinação que é empurrado sempre para a próxima semana. No Brasil, a impunidade está assegurada e protegida pelo fácil esquecimento. Nos Estados Unidos, a vacinação começará a partir de 11 de dezembro.

Falando em privilégios, Eduardo Bolsonaro causou um incidente diplomático ao acusar a China de espionagem por meio de sua tecnologia 5G. Trata-se de despreparo, deslumbramento e extremismo, colocando em risco interesses do Brasil, como economia, segurança e estabilidade. A embaixada da China afirmou que a mensagem publicada pelo Deputado Bolsonaro no Twitter prejudica a relação amistosa entres os dois países. E avisa: “caso não parem as agressões, o governo brasileiro arcará com as consequências negativas e carregará a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil.”

Se existe perigo da China saber informações brasileiras ao implantar o 5G chinês? Existe. Todavia, também é real da mesma espionagem através do 5G dos Estados Unidos. Donald Trump deixa a presidência dos EUA em 19 de janeiro, e assume Joe Biden que não está nem aí para o atual presidente brasileiro. Brigar com a China e com os EUA é uma péssima política internacional. A China compra 35% das exportações brasileiras; caso reduzir 15%, criaria um terremoto econômico no Brasil, e os produtores americanos aumentariam seu fornecimento dos mesmos produtos à China.

Essa manobra agride o interesse do Brasil em preservar relações estáveis com os países centrais. O governo brasileiro age contra os interesses do Brasil e das necessidades dos brasileiros. Bolsonaro desprezou presidente americano eleito Joe Biden, e enviou sinais hostis à China. A posição do Brasil de subserviência a Donald Trump e às bandeiras da direita radical prejudicará a relação comercial brasileira com os dois principais parceiros comerciais.

Trata-se de imaturidade usar retórica para satisfazer uma base ideológica. É fundamental cessar com essas alucinações, teorias conspiratórias e fantasias, e apresentar planos para fazer crescer a economia e diminuir os 14,8% de desemprego – que se tornarão 17% em 2021. Basta de desigualdade, ignorância, corrupção, fome, baixo nível de educação e terríveis falhas na saúde! O Brasil carece de empregos, estabilidade, saúde, moradia, crescimento e desenvolvimento!