Fatores da desigualdade

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Economistas monetaristas da Escola de Chicago, como Milton Friedman, acreditavam que a inflação era unicamente função de base monetária. No Brasil, a inflação está baixa, porém, com alto desemprego, subempregos e desalentos (quase 28 milhões de pessoas), e economia estagnada e ociosa. No Brasil, a desigualdade profunda e persistente chama cada vez mais a atenção como fator inibidor do desenvolvimento. Ao cruzar dados de desigualdade, medida pelo índice Gini, percebe-se que, nos mais desiguais: os negros são, na maioria, vítimas de homicídios, pobreza e menor escolaridade. A desigualdade profunda dificulta a percepção de que todas pessoas merecem ser tratadas com igual respeito e consideração, independente das condições sociais, raciais e econômicas.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad apontam que 11% dos trabalhadores formais e informais que cursaram faculdade ganham até um salário mínimo. Após a crise de 2008, os salários pelo mundo ainda não se recuperaram. Nos EUA, estão 9% menores agora que 1972. No Reino Unido, o salário está 5,7% menor que antes da recessão de 2008. No Brasil, o salário médio, em relação a 2009, caiu 6,6%. Vive-se a era de convergência mundial e, conforme divulgação do livro Desigualdade mundial, do Branko Milavonic (2016), seu famoso ‘gráfico do elefante’ demonstra que economias de baixa renda do mundo recuperam rapidamente o terreno perdido em relação ao ocidente rico. A parte da tromba em declínio mostra a maltratada classe média dos países ocidentais; e a parte erguida da tromba, os ganhos demasiados do grupo dos 1% mais ricos do ocidente.

Por outro lado, a economia da China em 2019 é 80% pertencente ao setor privado em comparação aos 50% no final dos anos 1990, e ao 0% antes dos inícios das reformas em 1978: isto é o resultado do capitalismo político da China. No capitalismo meritocrático liberal ocidental, capitalistas usam seu excesso de renda para investir em vez de consumir. Em Não está funcionando: aonde foram parar nossos empregos, do economista David Blanchflower, o autor critica os modelos econômicos que diz bagunçados pelo fato dele estar desconectado do mundo real. Blanchflower detecta estagnação no crescimento da renda da classe média nas economias centrais. No Brasil, existe a ausência de formuladores de políticas na atual equipe econômica. Vale lembrar: a Lava jato destruiu cadeias produtivas inteiras.

Vê-se o governo perdido, tentando agradar empresários, mesmo com resultados pífios da terceirização e da reforma trabalhista de Temer, e a reforma previdenciária deste governo. Planejam para 2020 a reforma tributária e a grande reforma no funcionalismo público. Enquanto o tempo passa, o governo joga à plateia de empresários e deixa rastro monstruoso de desemprego, de contínua violência, perseguições ao sistema educacional federal e da saúde. Estão em pânico com as constantes faltas de recursos na arrecadação, fato normal na gestão dos recursos públicos. Vendem as estatais e outras empresas públicas a preço de banana, inclusive, a enorme reserva do Pré-sal. Desemprego incontrolável, salários diminuindo, insegurança pública, falta de médicos e hospitais, e de investimentos em geral só servem para aumentar a desigualdade e fazer do Brasil um país mais pobre e desacreditado no mundo civilizado. Sem educação de qualidade, crescente desigualdade, levará o Brasil ao processo de argentinização. Vender o patrimônio brasileiro, entregando ao capital internacional é saída tosca à eficácia do fluxo de caixa governamental. Precisa-se de crescimento, desenvolvimento, fortalecimento da indústria, inovação e tecnologia, saúde e educação. O povo brasileiro precisa de emprego e tratamento igual, em todos os sentidos!