“FIZEMOS NOSSA PARTE”

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Pessoas estão morrendo asfixiadas em Manaus por falta de oxigênio nos hospitais. A asfixia é uma das mais penosas formas de morrer. Os médicos manauaras garantem que se chegou ao ponto que são obrigados a administrar morfina em pacientes graves que agonizam nos leitos por falta de oxigênio. Essa droga os leva à morte sem dor. O governo do Amazonas pediu ajuda aos Estados de São Paulo e Maranhão para abrigar 66 bebês prematuros que estão internados.
O colapso de Manaus e a crise das vacinas são a história da tragédia anunciada em novembro. Cadê oxigênio, vacinas, seringas e agulhas? Por que Bolsonaro implorou aos indianos em trazer apenas 2 milhões de vacinas enquanto nossa população é de 212 milhões? Será por que queria tirar a foto do primeiro vacinado antes de João Dória? Cadê as vacinas americanas da Pfizer e da Moderna? Agora, quer a vacina da China, que tanto mal falou? da Rússia? Países comunistas? Da Índia?
O colapso do sistema de Saúde em Manaus é um retrato de negligência e negacionismo. O Pazuello atribuiu a situação de crise do sistema de saúde devido aos médicos locais não prescreverem “tratamento precoce” – entende-se que não tomaram cloroquina. Os testes demonstraram que a cloroquina não funciona. O Brasil é o último país onde notícias falsas sobre o tratamento com cloroquina circulam, pois não é questão científica, é questão de identidade bolsonarista. No combate à pandemia, segundo a ANVISA, a vacina é necessária porque não há tratamento precoce contra a Covid.
Alvos de críticas por falta de organização, Pazuello e Bolsonaro declararam que uso da máscara, afastamento social, medidas de isolamento não deram certo. Médicos garantem que usar máscara reduz risco de infecção em 85%. A marca de 210 mil mortes por covid-19 é resultado de sucessivas tentativas de Bolsonaro sabotar o combate à disseminação da pandemia, com ações contrárias à ciência e que comprometem os direitos humanos.
Alvo de críticas por falta de organização e atraso na compra de vacinas, Bolsonaro noticiou que enviou um avião da Azul à Índia para buscar dois milhões de doses de vacinas da AstraZeneca/Oxford. O avião decolou e estacionou em Recife porque Nova Déli declarou que não atenderá o Brasil, por enquanto. O governo cometeu erros no planejamento da vacinação contra o covid-19. Muitos ministros ocupam cargos estratégicos, mas não têm qualificação para exercê-los.
Na última semana, uma empresária me disse que não acreditava da existência da pandemia do coronavírus e, ao retrucá-la, falou que as informações são forjadas pela Rede Globo. São fatos assim que me fazem perder a fé no ser humano. Como tantas pessoas vivem em estado de loucura e defendem posições à beira do delírio? Como brasileiros podem entregar o futuro a alguém que não sabe para onde ir, o que fazer, como fazer?
“Do Brasil cuido eu! Fizemos a nossa parte” – disse Bolsonaro, que insiste em fazer campanha contra obrigatoriedade da vacina, combatendo isolamento e máscara. Jamais diga que a democracia e a liberdade não correm risco se um defensor da ditadura, da tortura, é presidente da República. Há de chegar o dia em que os responsáveis por essa tragédia brasileira sentar-se-ão no banco dos réus.
Finalmente, o governo de São Paulo, em 17 de janeiro de 2021, aplicou a Coronavac em uma enfermeira logo após a aprovação da ANVISA. Seus diretores afirmam que a vacina é necessária porque não há remédios que funcionem contra a covid-19. Mesmo com pressão política., a ANVISA tomou a decisão técnica. A distribuição das doses aos estados começa em 18 de janeiro, apesar de ser apenas 6 milhões para vacinar 212 milhões de brasileiros.