Gente de caráter!

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A Ordem do Mérito Científico presta homenagem a personalidades que se distinguiram por suas relevantes contribuições prestadas à Ciência, à Tecnologia e à Inovação. Vinte e um cientistas condecorados pelo governo com essa Ordem assinaram uma carta aberta em que renunciam à honraria concedida. Fizeram isso porque Bolsonaro, após condecorá-los, assinou um decreto excluindo dois nomes da lista de cientistas homenageados: Marcus Lacerda e Adele Benzaken.
Na carta, os cientistas criticam o negacionismo e a perseguição a colegas cientistas e aos recentes cortes nos orçamentos federais à Ciência e à Tecnologia. Quais foram as razões do cancelamento da honraria? Lacerda foi um dos primeiros pesquisadores a demonstrar a ineficácia da cloroquina no tratamento contra a Covid-19. Benzaken, diretora de departamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde foi exonerada porque participou da elaboração de uma cartilha para tratar homens trans com Aids.
Falando em caráter, Bolsonaro concedeu a ele mesmo a Medalha de Ordem Nacional do Mérito Científico. Uma das mais altas honrarias concedidas pelo poder público a personalidades nacionais e estrangeiras, a medalha tradicionalmente é destinada para quem contribuiu para o desenvolvimento da Ciência, da Tecnologia e da Inovação no Brasil. A auto premiação de Bolsonaro, fato inédito no país, foi publicada em 4 de novembro no Diário Oficial. Oficializado como grão-mestre, o presidente tornou-se o primeiro negacionista científico a receber a condecoração.
Esta não é a primeira vez que o Bolsonaro condecora, se não ele, sua família. Em julho deste ano, Bolsonaro concedeu à Michelle Bolsonaro a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz. A honraria destina-se a reconhecer esforços de autoridades e personalidades que, no âmbito de atividades científica, educacional, cultural e administrativa relacionadas à higiene e à saúde pública, tenham contribuído, direta ou indiretamente, para o bem-estar físico e mental da população.
Houve uma aberração dessas quando eu era diretor em uma universidade em São Paulo, cujo Reitor recebeu dele mesmo o título Doutor Honoris Causa. Na Governança Corporativa da instituição, o reitor é subordinado ao presidente do Conselho Universitário e do Conselho da Administração, nos quais ele era o presidente, se auto-proclamando doutor. Outro absurdo!
Novamente exaltando pessoas de caráter, na semana passada, Moro distribuiu convites, em Brasília, para lançar sua candidatura a presidente. Dallagnol deixou o Ministério Público para concorrer a deputado federal pelo Paraná. Finalmente, não precisarão mais simular imparcialidade: a máscara caiu. Usaram a Justiça Federal e o Ministério Público Federal para se projetarem vergonhosamente na vida política. Moro é o maior culpado pela situação em que o país vive.
O Brasil não tem dono! Bolsonaro não é o dono do Brasil. A Nação é do povo brasileiro! Quem assumir em janeiro de 2023 receberá o Brasil com imagem internacional negativa, ambiente de negócios ruim, dólar, inflação, desemprego, juro, endividamento nas alturas e fraco investimento estrangeiro. A herança para o próximo presidente será horrível: a atual gestão foi um retrocesso ao país. Faltou competência, faltou caráter!