Ideias anacrônicas

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Há uns quatro anos, a educação vem sendo violada no Brasil, gerando péssimas consequências à sociedade. Acredita-se que jovens entre 16 e 18 anos devam concluir a educação básica; todavia, projeta-se que cerca de 17% não se formarão no ensino médio, totalizando 575 mil pessoas. Não estudar gera remuneração baixa, mais possibilidade de trabalhar na informalidade, menos benefícios ao país, provavelmente viver pouco tempo com qualidade e morrer mais. O direito à educação é investimento lucrativo.

Para piorar, o governo propõe redução de 18,2% no orçamento no Ministério da Educação para 2021, representando redução de R$ 1 bilhão às universidades federais e R$ 434 milhões aos Institutos Federais. Planeja também corte nos recursos discricionários, que excluem salários por exemplo, inviabilizando atividades essenciais de ensino, pesquisa, extensão e assistência estudantil. Nas universidades federais, mais de 4.500 cargos de docentes necessitam de reposição, cuja efetivação está impedida, o que pode inviabilizar as atividades de ensino.

Existe um quadro preocupante na educação: a visão de um Brasil pacífico é uma invenção que serve para que qualquer reação à violência seja como ato antissocial e não reinvindicação justa. Além de tudo, a pandemia não é comovente a ponto de se reagir a uma versão aguda de tragédia crônica. Acostumar-se com 110 mil vítimas fatais do Covid-19 demonstra fraqueza natural humana, onde muita gente racionaliza que não está tão ruim assim. Essa onda de irracionalidade, adeptos julgam fazer justiça quando, na verdade, promovem intolerância.

Diante da divergência de opiniões equivocadas, saltar da crítica da negação de direito de existência do divergente, empresas digitais criam fake news para destruir moral e profissionalmente outrem. Diante da enorme desigualdade social e de renda do país, o Estado precisa ser forte para proteger pessoas, garantir direitos e proporcionar serviços aos cidadãos! Porém, a sociedade precisa ser igualmente forte, atuante e vigilante para impedir que o Estado faça mal uso da sua força.

Com tantos problemas na educação e reflexos de histeria coletiva apoiando líderes irresponsáveis, observa-se vasta e perigosa ocupação de militares em cargos federais. A imagem da instituição fica indissociável do governo e o povo atribuirá, se houver fracasso, às forças armadas e não aos políticos. Segundo o Tribunal de Contas da União – TCU, há 6.157 militares da ativa e da reserva em cargos civis no governo (posição de julho 2020). O perigo da militarização no Ministério da Saúde é que quem ocupa a pasta não são profissionais da área da Saúde e podem ser tentados em ‘agradar’ o chefe, omitindo números reais da pandemia.

Elegeram-se pessoas que parecem viver fora do mundo real, com ideias anacrônicas principalmente na Educação, na Saúde e na Economia. Oxalá o povo perceber tal desgoverno, antes que seja tarde demais!