João Pimenta

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Arma de fogo em casa, sem registro e sem ensinar os filhos a manusear

A triste notícia de que um adolescente com doze anos de idade teria pego o revólver do padrinho e dado um tiro acidental em sua testa, tendo sido conduzido até o Hospital já sem vida deixou a todos atônitos. Em meio à dor dessa família, momentos trágicos sempre nos levaram a reflexões e atitudes de prevenção, que antes não eram tomadas.

Desde que eu nasci meu pai trabalhava na polícia, primeiro militar e depois civil. Lembro de quando eu ainda era uma criança, ele pegou seu revólver e chamou seus filhos até a cozinha. Sob olhares curiosos meu pai ensinou por primeiro a abrir o tambor e descarregar a arma. Depois mostrou as balas e ensinou a dinâmica do tiro. Depois entregou a arma para cada um dos filhos e ensinou a descarregar, dizendo: “o pai não quer que pegue a arma, mas se pegar, primeiro descarregue-a.’’ Meu pai estava certo: por incontáveis vezes peguei aquele revólver, mas em todas elas, antes de brincar, olhar ou qualquer ação, descarreguei-o.

O fato noticiado em Palmas traz à tona um debate antigo sobre armamentos: qual o grau de segurança representa ter uma arma em casa? Longe de Palmas, há cerca de um mês a família de minha esposa sofreu uma invasão de bandidos em sua residência. Era aniversário do tio dela e de repente entraram homens armados, renderam a todos os convidados e passaram a procurar armas na residência, localizando três. Levaram embora as armas, as carteiras, joias e os celulares de todos.

A conclusão a que se chega sobre os dois fatos é a dúvida sobre ter armas em casa: para que serve um revólver? Para defender-se. Mas, então como são várias as notícias de morte acidental de crianças por armas de fogo ou furto e roubo do equipamento de famílias idôneas? Ou seja, não se conclui nada e sim, sobram dúvidas.

Mudando de foco, no trânsito em rodovias avistamos a placa: “na dúvida não ultrapasse”. Acredito que esta mensagem sirva para todas as circunstâncias de dúvida: não ultrapassar.

Sobre armas, não quero me posicionar quanto a ter ou não ter uma, mas em até que ponto vale ter uma arma, se ela serve para matar nossas crianças ou armar os bandidos? Resta a conclusão de que o ponto principal não é se a posse de arma de fogo tem ou não registro, mas sim se ela está bem escondida (de criancas e eventuais assaltantes) e se as crianças foram ensinadas a descarregar as armas antes de manusear. Em meio à dor desta família, fica a reflexão: na dúvida, não ultrapasse, ou seja, na dúvida, não tenha arma de fogo.
Atenção: esta coluna é escrita e editada pelo jornalista Rodrigo Kohl Ribeiro MTB: 18.933, de sua inteira e irrestrita responsabilidade. Qualquer sugestão ou crítica, pode ser enviada para o e-mail joaopimentadepalmas@gmail.com ou pelo WhatsApp 46 98820-4604.