MEC vira balcão de negócios

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Em 23 de março, os maiores jornais do país publicaram que um grupo de prefeitos que foram a Brasília em busca de recursos do Ministério da Educação foram abordados e convidados pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, de dentro do MEC, para almoçar em um hotel. Segundo o relato dos prefeitos, os pastores, à certa altura do encontro, repassaram o número da conta bancária particular pedindo 15 mil reais de entrada para protocolar o documento de liberação das verbas e, como sinal de boa fé, no decorrer da conversa, disseram que, quando as verbas oriundas do MEC fossem liberadas, os pastores deveriam receber um quilo de ouro de cada cidade.

A conversa no restaurante foi gravada por dois prefeitos, assim como a reunião deles com o Ministro da Educação Milton Ribeiro (pastor presbiteriano), onde o mandatário afirmou que recebeu orientação de Bolsonaro para que as liberações de verbas do seu ministério fossem realizadas através da participação dos pastores Arilton e Gilmar (presidente das igrejas das Assembleias de Deus), que mesmo não sendo funcionários do MEC, mantinham um gabinete paralelo dentro do Ministério da Educação. O ministro também foi gravado admitindo dar prioridade à liberação dos recursos por intermediação dos dois pastores, sob orientação de Bolsonaro.

Assim como já aconteceu com o Ministério da Saúde, fatos descobertos na CPI da Pandemia, cujas negociações para compra de vacinas envolveram circunstâncias semelhantes, com intermediação sorrateira e bandida do Pastor Amilton Gomes de Paula e do Cabo Dominghetti. A tragédia na Saúde resultou 660 mil mortes; a da Educação, será sentida por décadas. Esta pasta sofreu perversa trambicagem política corrupta porque os pastores vendiam recursos que são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação; logo, existe um balcão de negócios no MEC.

Em lives, Bolsonaro tem a desfaçatez de afirmar que não há corrupção em seu governo. Esse escândalo no MEC é tão grave que até o Antônio Augusto Brandão de Aras, procurador geral da República, o maior protetor de Bolsonaro, abriu processo para apurar o caso. Os dois pastores, apesar de não ocuparem cargos públicos atuam como traficantes de influência, lobistas, valendo-se do prestígio que têm com a esposa de Bolsonaro. É vexatório a distribuição ilegal de verbas públicas como vem ocorrendo e é vergonhoso esse esquema de corrupção. Mas, não é neste governo que não há corrupção?

O MPF denunciou Bolsonaro e Wal do Açaí por improbidade, cujo processo não tem resultado prático enquanto ele estiver com mandato. Wal, assessora na Câmara por 15 anos, não dava expediente em Brasília e tinha 80% de seus proventos sacados por um “amigo” do Bolsonaro. Em resposta às denúncias, Bolsonaro ignora, xinga, desvia a atenção, fala de Deus. Em relação à inflação culpa Paulo Guedes; à gasolina, o general presidente da Petrobrás; idem à guerra da Ucrânia, ao Covid-19, aos ministros do STF, ou simplesmente culpa Lula, que deixou o poder há 13 anos.

É estranho o silêncio das panelas, a falta de mobilização nas ruas! Será que é porque a imprensa se limita a noticiar discretamente notícias de corrupção? Medo do exército? Ou simplesmente seus seguidores têm personalidade servil? Não é possível que não enxerguem a destruição da Educação, da Saúde, do aumento de desemprego, da inflação, da fome, da pobreza, da queda do PIB, do aumento da taxa de juro? Os preços em supermercados, farmácias, postos de combustíveis deixam claro como o governo está perdido. Como podem virar as costas para o Brasil em detrimento a um fanfarrão que destrói instituições e se coloca contra o povo brasileiro?