O encanto da serpente

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No último domingo, constatou-se que os institutos de pesquisas estavam totalmente equivocados: suas previsões estavam erradas. Os candidatos gastaram muitos milhões e ao receber os resultados da contagem das urnas, verificaram-se previsões não concretizadas, fato lamentável. As amostras da pesquisa eram muito pequenas e não se sabe a metodologia de abrangência territorial e por classe social. Fracassaram. Perderam a credibilidade.
O segundo fato é a constatação de que grande parte da população tem preferência pela direita, marcada por características mais conservadoras em relação a aspectos sociais e de governo, dando prioridade aos direitos individuais em relação aos coletivos, considerando exageradamente valores religiosos e tradicionais como fundamentais à sociedade. Respeita-se tal opção conservadora, entretanto, o representante dessa massa é considerado líder de uma seita religiosa, e não como político que deveria objetivar o bem geral da população brasileira.
Considerando que todos desejam uma nação melhor, baseada em paz, respeito, progresso, educação de qualidade, saúde para todos, segurança, situação de pleno emprego, igualdade social e econômica, há frustração quando se verifica que se vê nos últimos anos uma luta entre classes sociais que pode levar a um grande conflito absolutamente desnecessário. Sabe-se que essa discussão é uma perda de tempo porque as pessoas não mudarão de opinião e, ainda por cima, tem orgulho das suas posições; e constata-se que cada lado tem certeza de que é “do bem”.
Criticam-se falsos pastores que jogaram multidões a favor de algum partido para obter benefícios: religião não deveria ser envolvida com política, porque Deus vê todas as pessoas como seus filhos e não tem partido. Muitos estão sendo manipulados e não percebem. Se, ao invés de radicalizar nas suas posições, estudassem o que é o fascismo, como surgiu e como destruiu nações, ou o nazismo, perceberiam que se está no mesmo caminho e causará grande mal ao povo brasileiro ao seguir essas premissas, que já ficou comprovado que leva à destruição do país: a ignorância (desconhecimento) prejudica a Nação brasileira.
Parece que a população está tomando atitudes ilógicas quando elege o ex-ministro do Meio Ambiente que permitiu e afrouxou às leis para que houvesse desmatamento e invasão de terra; quando elege a ex-ministra dos Direitos Humanos que só defendia pauta política ao invés dos direitos das mulheres e dos necessitados; do ex-ministro da saúde que virou as costas à população durante a pandemia; quando elege o ex-ministro da Ciência que também nada fez por ela. Absurdamente, elegeu Moro como senador, um ser que só desejou ser elevado a cargo de ministro do STF e fez todas as trapalhadas possíveis. O candidato mais votado para ser governador de São Paulo não é do estado e nem conhece nada de São Paulo.
Para presidente, Lula obteve 55 milhões de votos; Bolsonaro, 50 milhões; Tebet 4,8 milhões; e Ciro 3,5 milhões (a Terceira Via não vingou). Se os eleitores de Lula e Bolsonaro confirmarem seus votos como no primeiro turno, quem decidirá serão, principalmente, opções dos eleitores da Tebet e Ciro, por algum dos dois candidatos. Não dá para prever o que acontecerá porque, mesmo sabendo que a tendência desses eleitores serem mais para Lula, somente quando abrirem as urnas, em 30 de outubro, ter-se-á certeza. Isto se sabe da força de manipulação de Bolsonaro que tem a máquina do governo nas mãos e que, ainda, pode ocorrer que os 32 milhões de abstenções nesta eleição possam vir às urnas e depositar seu voto.
Se Bolsonaro ganhar, a democracia se perderá! O Congresso foi reformulado com seus aliados, ele indicará mais dois ministros no STF e governará supremo, sem cumprir regras da Constituição, apoiado pelo Exército, e por seu eleitores, encantados pela serpente, que ainda o consideram o líder máximo da seita bolsonarista. Digam adeus à democracia e prevê-se que se mergulhará no período mais difícil da democracia brasileira. Salve-se quem puder!