Retorno à civilidade

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É momento da pacificação do Brasil. Todavia, ao invés de festejar a perspectiva da volta à democracia e à civilidade, vive-se perplexo pelo fato de que milhares de pessoas rezam e cantam nas portas de quartéis, pedindo a destruição da democracia através da intervenção militar. Não se sabe se é má fé ou ignorância, pois nem todos querem mudar o mundo, mas parece que se vive loucura coletiva.

Bolsonaristas sentem-se parte da onda que, na sua concepção, levará embora as “forças do mal”. Nomearam Jair como ser sobrenatural que lhes oferece sentimento de pertencimento. Essas pessoas estão alienadas às figuras de autoridade em que coadunam com seu próprio perfil autoritário e que também precisam da ‘fantasia’ de salvação da própria vida, para preencher “seu vazio interior”. Grande parte da população brasileira é misógina e racista. Há um movimento de incompreensão coletiva de aceitar o mundo real.

Vive-se um momento pós-traumático de neurose da guerra política das recentes eleições presidenciais. Há convicções delirantes de que quem errou foi o outro, posição de amor exagerado pelo próprio eu e culto de si mesmo que aparece quando a raiva domina. Essa gente está em transe coletivo: está claro de que quem canta o hino nacional para pneu ou faz gestos nazistas e/ou fascistas ou fica rezando nos muros dos quartéis ou o gesto do “patriota do caminhão” são, na verdade, não são patriotas.

O poder do inconsciente define realmente o que se quer na parte mais profunda do ser que se manifestará para o bem ou para o mal. A pessoa torna-se seu desejo mais profundo, pois libertou o mal dentro de si e não conseguem se desvencilhar de ‘monstros’ internos. Justamente pessoas emocionalmente mais vulneráveis não conseguem voltar à realidade.

Nos últimos quatros anos, vivem-se situações escabrosas e nunca se pensou que a população brasileira não se importaria com 689 mil mortes devido à pandemia do Covid-19: não era “só uma gripezinha”; houve deboche às pessoas com falta de ar; houve atraso proposital na compra de vacinas e estímulo ao uso da cloroquina, remédio ineficaz à Covid.

O então presidente desrespeitou, xingou e humilhou mulheres em diversas situações e disse palavrões; fez péssima gestão pública; usou o orçamento secreto para comprar votos de congressistas; ofendeu ministros do STF; criou fake News; ‘usou’ algumas religiões; fechou os olhos às queimadas na Amazônia e às explorações de jazidas de ouro em terras indígenas; mostrou-se desastroso nas políticas internacionais; escolheu ministros fracos e incompetentes; propiciou crescimento do desemprego, inflação e juro alto; demonstrou autoritarismo; apoiou ‘rachadinhas’ e desvios no MEC. Era um avião desgovernado.

A grande massa que votou no Jair são órfãos da terceira via e antipetistas! Então, está na hora em voltar a trabalhar pelo Brasil, sair do estado de letargia e da histeria irracional coletiva e prender no quarto escuro os ‘monstros’! É importante ao país voltar à civilidade, à produção de bens e serviços, a focar em educação e saúde como prioridade, a cuidar dos desprotegidos.

O Brasil não pode resumir-se a uma população de zumbis!