Show de improviso

0
13

Não há como esconder o desalento que se abate sobre a economia brasileira. Constatou-se que o governo não tinha plano para o pós-covid19 nem condições para lidar com sucessivos aumentos dos preços de alimentos, combustíveis e energia. Inflação, incerteza eleitoral, e preços de produtos em geral impedem crescimento mais robusto. Não será fácil debelar a alta de preços do Brasil, que já está acima de 10% há oito meses consecutivos, contribuindo para tornar o brasileiro ainda mais pobre. Esse aumento de preços e juros levará a uma compressão do consumo de famílias e investimentos em empresas.
A maioria da população sabe da importância da preservação do poder de compra do salário. Parte da inflação é causada pela instabilidade política do atual governo, onde se coloca em dúvida a manutenção da democracia, minando a confiança no sistema de votação brasileira. No passado, a inflação trouxe muitas dificuldades ao povo brasileiro. A estabilidade de preços é essencial para sustentar nível de empregos e atividade econômica, cujos efeitos colaterais são desigualdade da renda, estagflação e grandes custos sociais.
Outro dado preocupante é a queda da taxa de investimentos, que está aproximadamente em 18%, enquanto deveria estar em torno de 25%, para criar condições de recuperar a infraestrutura e manter a competitividade. A reforma trabalhista não produziu mais emprego e, ainda por cima, resultou em mais precariedade e insegurança. Na reforma da previdência, tempo de contribuição estirado é grande desvantagem, assim como diminuição de benefícios e valor de aposentadoria. Além disso, o choque de oferta atingiu grande parte do mundo, mas pegou o Brasil em situação de capacidade ociosa e desemprego, além de congelamento severo de salários do setor público.
A economia não perdoa o fracasso econômico, ainda mais quando aumenta desigualdade, desemprego, fome e pobreza. Este ano eleitoral será de incertezas e aumento de gastos do governo. Inflação e economia são apontadas como principais preocupações do eleitorado. No Brasil, não existe mais economia inovadora e vibrante nem condições para ser acolhedor para investimentos nacionais e estrangeiros. Além disso, Bolsonaro deixará de herança um passivo de R$ 100 bilhões de precatórios e despesas atrasadas.
Então, inflação persistente, guerra na Ucrânia, lockdown na China, risco de falta combustível e fim de estímulos à economia americana – com aumento de juro, os EUA poderão entrar em recessão e impactar a economia mundial, deixando o Brasil em posição ainda mais frágil. E como se chegou até aqui?
Foi tudo show de improviso! Raiva e ódio contra a visão voltada ao social e igualdade cegou grande parte da população que optou em eleger alguém sem condições de compreender as dificuldades na condução da nação complexa, o Brasil.