Um jeito consciente para destinar o lixo em Pato Branco

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Quando separados corretamente, resíduos orgânicos e recicláveis, deixam de poluir o meio ambiente e tornam-se fonte de renda e oportunidade para a solidariedade
Dos passeios possíveis em Pato Branco, o Aterro Sanitário, provavelmente, não seria a primeira opção, mas em poucos minutos de visita é possível perceber a importância de conhecer o espaço. A separação de resíduos, mesmo sendo um assunto amplamente divulgado, ainda precisa alcançar mais adeptos, pois em uma rápida caminhada pelo local é possível perceber como há incoerências no descarte dos resíduos, comprometendo o bom uso do aterro, que tem seu tempo de uso diminuído pela mistura de itens que deveriam ser enviados para reciclagem ao invés do espaço destinado aos resíduos orgânicos.
O aterro possui quatro níveis principais: as estações de triagem, onde são separados os itens recicláveis; compostagem, com restos de alimentos e de podas de árvores e arbustos; entulhos, de obras e móveis descartados; e resíduos orgânicos. Neste último, onde deveriam estar apenas os restos de alimentos e lixo de banheiro, é onde as equipes vivenciam os maiores problemas. Nele, é possível encontrar garrafas plásticas e de vidro, eletroeletrônicos, latas e fios de eletricidade, itens que poderiam ser facilmente enviados para a reciclagem e gerar renda para os trabalhadores, além de roupas e calçados, que fariam a diferença na vida de muitas famílias atendidas pela Secretaria Municipal de Assistência Social.
O gerenciamento do Aterro Sanitário Municipal é realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. O responsável, Normélio Bonatto, explica que, diariamente, 60 toneladas de resíduos orgânicos são recolhidas pelas equipes de limpeza da Prefeitura e outras 12 toneladas de resíduos recicláveis são recolhidos pela Cooperativa de Trabalho dos Agentes Ambientais de Pato Branco (COTAAPB), porém, o número seria maior se houvesse mais engajamento na separação realizada em cada uma das residências e estabelecimentos comerciais.
“A instalação dos contêineres na área central e a distribuição das bags nos bairros, colaboraram significativamente para que os pato-branquenses realizassem a separação de resíduos, mas todos os dias encontramos itens que deveriam ser descartados nos outros espaços para que não encurtassem o tempo de utilização do aterro. Tendo em vista que os itens depositados incorretamente tomam espaço considerável”, informou Normélio.
As garrafas plásticas são um exemplo desse problema, pois além de não serem enviadas para a reciclagem, ainda são descartadas com as tampas fechadas, fazendo com que o ar fique preso e seu tamanho seja maior. O isopor, utilizado em bandejas de comida e para proteção de produtos embalados, também é descartado nos resíduos orgânicos, sendo que no aterro há uma máquina que realiza a reciclagem dele, transformando-o em matéria prima para confecção de rodapés, sancas e molduras para quadros e espelhos.
Mais do que ocupar o espaço, o isopor descartado incorretamente também prejudica o meio ambiente, tendo em vista que demora 400 anos para se decompor. “Todos esses itens que poderiam ser reciclados apresentam esta mesma característica, o tempo excessivo na decomposição, como o plástico que demora, em média, 450 anos, as latas de 200 a 500 anos e o vidro, 1 milhão de anos. Todo esse tempo acarreta em um aumento considerável na poluição do meio ambiente”, disse Bonatto
O inverso, de acordo com o coordenador da COTAAPB , Oraídes Maranoski, também acontece rotineiramente, ou seja, muitos itens orgânicos são depositados nos contêineres e bags que deveriam servir apenas para a reciclagem, comprometendo o trabalho dos funcionários da cooperativa. “Embalagens sujas, restos de alimentos, fraldas descartáveis, papeis higiênicos e até animais mortos são depositados indevidamente, isso além de comprometer a renda que geraria aos cooperados, submete-os a condições de insalubridade desnecessárias”, contou Maranoski.
Para Noeli Pereira, uma das cooperadas, o trabalho seria menos complicado se as pessoas se comprometessem mais com a causa. “Depois da instalação dos contêineres e dos bags, a população passou a realizar de forma mais correta a separação, mas, como sou eu que realizo a primeira triagem dos resíduos recicláveis que vem para cá, percebo que muito poderia ser melhorado ainda”, avaliou ela.
Para o secretário municipal de Meio Ambiente, Nelson Bertani, os investimentos nessa área foram fundamentais para gerar a mudança de costumes, mas é preciso haver comprometimento. “A implantação de contêineres e bags, a compra de caminhões e a melhora na estrutura do aterro colaboraram na separação de resíduos, mas é preciso ter mais engajamento, porque estamos trabalhando, acima de tudo, com a preservação do meio ambiente, que reflete no mundo e a qualidade de vida que vamos proporcionar para as futuras gerações”, enfatizou Bertani.
Disque Solidariedade
Além dos itens que poluem o meio ambiente e comprometem a funcionalidade do espaço, as roupas e calçados também poderiam encontrar um destino melhor que o aterro. Isso porque a Secretaria Municipal de Assistência Social recebe, permanentemente, essas doações por meio do Disque Solidariedade, e as direciona para campanhas contínuas, como a do “Brechó Itinerante”, que repassa esses objetos para famílias e pessoas em situações de vulnerabilidade social, atendidas nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).
A secretária municipal de Assistência Social, Anne Cristine Gomes da Silva Cavali, conta que recebe inúmeras doações, que fazem a diferença na vida de diversas famílias. “Além do cadastro de pessoas que temos na Secretaria, essas doações também são disponibilizadas quando, por alguma eventualidade, como incêndio ou alagamentos, famílias acabam perdendo seus bens”, disse Anne.
Ela explica que qualquer pessoa, empresa ou grupo pode contribuir com doações, em qualquer época do ano. Basta entregá-las junto à Secretaria de Assistência Social, na Rua Teóphilo Augusto Loiola, nº 264, Bairro Sambugaro, de segunda a sexta-feira, das 08h30 às 12h e das 13h30 às 17h. Uma vez no local, as equipes providenciam a higienização das mesmas, para então realizar a doação.
A secretária também pede que as pessoas doem itens que possam ser utilizados pelas famílias e evitem, por exemplo, roupas rasgadas. “Os produtos precisam estar em condições de utilização para quem os receber”, evidenciou Anne, que explica que as roupas e tecidos que não estão mais em condição de uso, podem ser descartadas nos contêineres e nos bags, basta acondicioná-las em sacolas plásticas, para não ficarem sujas, pois o tecido é utilizado para confecção de estopas.
“Junto ao centro de triagem, há máquinas profissionais de costura, que foram doadas pelo Rotary Club Pato Branco, nelas, é possível costurar estopas que são comercializadas e complementam a renda das equipes que atuam na cooperativa, além de reaproveitar os restos de roupas e tecidos sem utilidade para o uso das famílias”, ressaltou Anne.
Aterro Sanitário
O Aterro Sanitário está localizado na BR-158, próximo do Ferro Velho Guindani. O local atende de segunda a sexta-feira, das 08h às 12h e das 13h às 17h15 e nos sábados, das 08h às 12h. Mais informações sobre o local podem ser obtidas pelo telefone (46) 3220-1505 ou na Secretaria de Meio Ambiente, junto à Prefeitura de Pato Branco.
Mais informações sobre o descarte e quais os dias de coleta dos itens recicláveis em Pato Branco, podem ser acessadas na cartilha, que está disponível no site da Prefeitura de Pato Branco: www.patobranco.pr.gov.br, na aba Secretarias – Secretaria de Meio Ambiente, no primeiro banner no lado direito da página.