JUSTIÇA SOCIAL: UMA NECESSIDADE

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Thiago Miranda

Não! Não é coisa de comunista, tão pouco seria dos liberais ou ainda dos capitalistas. Justiça social é coisa de gente sensata que busca nada mais que o bem comum. Por óbvio, é alvo de constante ignorância, mas não aquela espontânea, que é sarada com estudo, mas, antes, aquela que é projeto. Para alguns no Brasil e em toda a América latina é fundamental que não se fale em Justiça social.
É, em suma, a ideia de que para se haver justiça a mesma deveria começar pelas bases da sociedade, fazendo com que possamos garantir aos mais pobres não somente o acesso aos bens de consumo e serviços, mas também sua ininterrupta continuidade. Começamos, entre 2003 e 2016, esse processo, coisa que veio a ser interrompida abruptamente. Nesse período citado, sabemos, o filho do porteiro tornou-se médico e a filha da diarista, engenheira, além de termos obtido o menor índice de Gini da história do país, o pleno emprego, com apenas 4% de desempregados e o maior salário mínimo, chegando a $300 (trezentos dólares). Sabidamente, a justiça social interessa a um grupo muito específico de pessoas: os pobres. Leon Trotsky, um filósofo, sociólogo e economista ucraniano, postula que “toda revolução é impossível até que se torne inevitável”. Da mesma forma, não pensando nos moldes revolucionários de Trotsky (que, indubitavelmente, não foram os melhores na história da humanidade), mas antes em justiça social, é fundamental que haja esse debate de modo claro, dinâmico e sensato, ouvindo todas as pessoas, desde os trabalhadores aos empregadores. Por justiça social gritaram os hebreus na iminência da saída do Egito, os trabalhadores russos, os indianos explorados pelos ingleses e os brasileiros no início dos anos 2000 (coisa que volta a ocorrer hoje).
Ainda, sabemos que muitos se dizem preocupados com a promoção dessa referida necessidade aqui exposta. Será que querem promovê-la ou promover-se? A segunda opção é, sem dúvida, a mais plausível nesse cenário que miramos. A luta pela justiça social não passa pelo discurso, mas, sobretudo, pelas práticas. Aquele que, nunca tendo pisado em um acampamento de desabrigados, ou ainda nunca tenha visitado uma família carente sequer, não tem moral. Seus interesses são com os detentores do poder, aqueles que promovem a injustiça que denunciamos e vêem o pobre apenas como um mero número que, em determinados momentos, pode ser visto como consumidor, em outros como um estorvo. O promotor da justiça social é aquele que senta ao seu lado e faz sua luta ombro a ombro.
Para concluir, é fundamental deixar claro que na lista de prioridades da justiça social todos têm vez, mas o primeiro na fila é o pobre, aquele que necessita do Estado defendendo seus interesses, seja garantindo-lhe educação, segurança, moradia ou alimento. Não podemos nos escusar de atender aqueles que mais precisam de auxílio, não por que não querem mudar de vida, mas, como bem alertou o saudoso dom Mauro, falecido arcebispo de Cascavel, “mais que ensinar a pescar, é necessário que a pessoa tenha forças para ir ao rio”. O primeiro passo está dado: é necessário colocar o pobre no orçamento público e o rico no imposto de renda.