Precisam-se respostas

0
17
Enquanto o Brasil é duramente castigado pela ausência de governo, Bolsonaro não para de sabotar eleições e democracia e, ainda por cima, ameaçar desestabilizar o país se suas vontades não forem atendidas. Achincalhar o debate público com desinformação, mentira, ódio e teoria conspiratória é conduta antidemocrática, próprio de um mandatário que age contra a Constituição.
Desordem é ferramenta ideal para o projeto de Bolsonaro em 2022 porque não depende da maioria que concorde com seus ataques ao resultado das eleições. Ele simplesmente enxerga a ameaça autoritária como arma política e alimenta sua base de fanáticos com narrativa do voto impresso para poder contestar futura derrota eleitoral, impondo-se contra eleição perdida pela suposta fraude.
O Brasil está esfacelado: volta a registrar alta no número de pessoas em extrema pobreza. Há 15 milhões em situação de desemprego, pessoas que ainda procuram emprego; os trabalhadores perderam direitos históricos e o pré-sal brasileiro foi entregue a empresas estrangeiras e, para piorar, contam-se mais de 560 mil mortos resultantes da pandemia do covid-19.
Quando um governo não tem projeto nem traquejo democrático, é vantajoso manter confronto eleitoral imaginário. Para ele, interessa tratar sempre das eleições antes que ocorram, não só porque não sabe governar, mas porque sua vida sempre transcorreu em campanhas e nunca fez nada notório. O Brasil deveria estar com projetos para se recuperar dos transtornos da pandemia, mas perde-se tempo e energia institucional com delírios eleitoreiros.
Ele entregou o governo ao PP para evitar o impeachment. Sabe-se que, se chegar o golpe planejado, não faz diferença se parcial ou pleno, será porque teve permissão, ao começar com o consentimento da Câmara, do Senado e do Exército. Entende-se que faz parte de um projeto mais amplo de extermínio de instituições democráticas e conquistas da civilização, objetivos do neofascismo.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, mantiveram o silêncio diante dos reiterados ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal e a outras ameaças golpistas. Por outro lado, o atual governo e seus aliados do Centrão fizeram vista grossa ao manifesto de empresários e personalidades em defesa da urna eletrônica e da realização de eleições em 2022.
É preciso dar uma resposta vigorosa porque Bolsonaro continuará propagando suas teses alucinadas e incitando seus fanáticos a tumultuar as eleições, mas ele sabe que terá que prestar contas de suas ações temerárias contra as instituições que, até o momento agrediu impunemente.