Tal ideologia não funciona

0
26

Vive-se à deriva, em meio à crise sanitária, ao aumento da desigualdade social, à estagnação econômica e à piora de políticas públicas. Acredita-se que o Brasil estará pior daqui a dois anos, até o fim deste mandato. A crise social tende a aumentar nos próximos dois anos, assim como o desemprego que tende a continuar alto; e erros em políticas ambientais e de direitos humanos, assim como isolacionismo diplomático já estão custando caro ao Brasil.
Com a vitória de Joe Biden, pergunta-se: quem são nossos aliados? O Ministro de Relações Exteriores Ernesto Henrique Fraga Araújo impôs uma política internacional que levou o Brasil a um isolacionismo inédito. O governo levou 38 dias para reconhecer a vitória de Biden e, quando da invasão do Capitólio, voltou a insinuar que a eleição presidencial americana fora fraudada. Este governo está despreparado com a guinada que Biden promoverá nas relações dos EUA.
A manutenção de Ernesto Araújo à frente do Itamaraty representa enorme risco à imagem do Brasil, já tão desgastada. Araújo escolheu comprar brigas aos EUA de Biden, e criou embaraços inúteis às relações com China, Índia, Argentina e União Europeia. Ele comprou briga com algumas das maiores potências do mundo para enfatizar a independência do Brasil. Declarou que é bom o Brasil ser pária mundial.
Apesar do início da vacinação, o Brasil ainda está distante de vencer a pandemia. Os brasileiros morrerão, muitos sufocados por falta de oxigênio em hospitais em colapso, por falta de vacina. Ações de omissão durante a pandemia de covid-19 configuram crime de responsabilidade. Após quase um ano de pandemia, Bolsonaro deu mostras que não mudará. O Brasil não pode ficar refém de quem desrespeita à Constituição e à saúde e à vida do povo brasileiro.
O governo brasileiro foi uma tragédia no combate à pandemia. Nenhum governante mundial foi tão contundente na defesa do negacionismo, entretanto, Bolsonaro fixa suas energias na ampliação do uso de armas pela população e no Estatuto da Família. Enquanto isso, há um aumento real da desigualdade nos principais centros urbanos, criando cenário semelhante dos filmes The Walking Dead.
Desde o fim da ditadura militar, nunca um presidente do Brasil ameaçou a democracia ou propagou conflitos constantes com adversários políticos, ameaçando seus críticos, fortalecendo o gabinete do ódio, fazendo propostas moralistas para agradar seus seguidores. Suas ideias estão centradas na destruição do outro, na não aceitação da crítica e na tentativa de impor relação hierárquica de comando. Trata o opositor com desprezo, como um inimigo que deve ser abatido.
Desde o início da pandemia, o atual governo minimizou o impacto do covid-19 e incitou a população manobrável a desrespeitar aos protocolos, além de negar a ciência, propondo tratamentos precoces (clorokiller) sem eficácia comprovada, desacreditando as vacinas. Isso é crime de responsabilidade por omissão ao deixar de enfrentar o avanço e não fornecer aos Estados e municípios os insumos necessários ao atendimento aos doentes.
Não se entende um governo que, diariamente, desconstrói valores relacionados à igualdade e aos direitos humanos. Não se pode aceitar quem enaltece um torturador como herói e a tortura como estratégia legítima, estimulando também, a letalidade policial e tiroteios. É perigoso o poder na mão de despreparados.
A posse de Joe Biden foi marcada por elegância, cordialidade, diversidade e, acima de tudo, quando faz a defesa da verdade sobre a mentira. No discurso de posse diz: Aprendemos mais uma vez que a democracia é preciosa e frágil. E, nessa hora, meus amigos, a democracia prevaleceu. Minha alma inteira esta investida em unificar a América. Unir nosso povo, unir nossa Nação! Espera-se que o próximo presidente brasileiro pense assim.