Volta de inflação e mazelas

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A inflação de março foi 1,62%, acumulando alta de 11,3% em 12 meses, o maior avanço desde 1994. Aumentos de combustível, alimentos, bebidas, frete e transporte foram os mais representativos. Por exemplo, tomate subiu no mês 27%; cenoura, 47%; repolho, 29%; abobrinha, 28%; morango, 24%; melão, 23%; e laranja baía, 17%. O Brasil é um país com maior desajuste no custo de vida. A inflação continuará em alta, e a taxa de juro (SELIC) deve passar de 11,75% para 12,5% já em maio.

Nem mesmo a elevação de 2% para 11,75% anuais da taxa de juro (SELIC) do Banco Central, em pouco mais de ano, fora capaz de estancar o processo inflacionário, ao contrário, acelerou. Entende-se que também houve desorganização de fluxos de distribuição e produção devida à pandemia do Covid-19, ocasionando aumento nos custos. A guerra da Ucrânia ajudou a subir os preços de combustíveis e alimentos. Outro fator foi o crescimento do consumo.

Para piorar o cenário, a economia brasileira é altamente endividada em moeda estrangeira, fato que colabora com o desequilíbrio. Enquanto o juro básico brasileiro é 11,75%, o juro dos EUA está entre 0,25% e 0,5%. O recuo de 14,8% do dólar contra o real foi impulsionado pelo diferencial de juro entre Brasil e Estados Unidos: essa diferença identifica que investidores captam no exterior com taxas bem baixas e aplicam no Brasil.

Analisando as recentes altas da inflação, percebe-se que se vive algo conhecido como inflação inercial: simplificadamente, as empresas tentam se compensar da inflação por meio de reajustes de preços acima da inflação para se prevenir de novos reajustes que supostamente virão. A inflação atual é decorrente de índices passados e a inflação inercial não tem qualquer relação com aumento de demanda ou custos nessa economia: é consequência do medo de inflação futura. O atual governo não inspira confiança no mercado e causa esses desequilíbrios.

No Brasil, a taxa de desemprego está em 11,2% da força ativa de trabalho; a inflação, 11,3%; e taxa de juro básica, 11,75%. Os preços estão em disparada; é escassa a perspectiva de melhora de qualquer um desses quadros; os ritmos de atividades industriais, muito baixos. O crescimento do PIB no Brasil em 2022 está previsto para 0,3%; a China, 4,8%; África do Sul, 5,8%; Rússia, 4,8%; e Índia, 9% (os países do BRICs). Então, aumentar o juro não funcionou para segurar a inflação ou fazer o PIB crescer.

O Brasil nunca se recuperou totalmente do efeito nefasto do impeachment de Dilma Rousseff. Aquelas ações políticas causaram uma recessão no governo de Temer, que continuou com Bolsonaro. Nosso parque industrial declina a cada ano, criando a desindustrialização. Existe um exército de 27,3 milhões de pessoas: desempregadas, desalentadas, subocupadas, afastadas do mercado de trabalho – um desastre na formação do nosso Capital Humano. Baixo crescimento, inflação, juro alto, desemprego, fome e falta de programas de modernização, planos, metas não fortalecem a economia brasileira.

Enquanto isso, no país imaginário, vive-se de fake news, economia declinante, dominado por pessoas incompetentes e inescrupulosas que causam grande mal ao Brasil. É preciso retomar o crescimento e o desenvolvimento do país, aprimorar a indústria, retornar ao pleno emprego, acabar com a fome e a desigualdade e fortalecer a educação.